O Empreendedorismo: Origens, Evolução e Perfil do Empreendedor.

Por Marcos Sampaio, Ipu-CE, ARENA DE IDEIAS - 2024

1. Introdução

O empreendedorismo, amplamente discutido nos campos da economia, administração e psicologia, tem suas raízes conceituais no século XVIII, com a atribuição do termo a Richard Cantillon (1755) e Jean-Baptiste Say (1800). Ambos os autores definiram o empreendedor como aquele que se arrisca e investe seu próprio capital em empreendimentos, sendo caracterizado por seu papel na movimentação econômica e geração de valor. Ao longo dos anos, o conceito evoluiu, incorporando novas perspectivas e ganhando relevância como uma força motriz da inovação e da criação de novas oportunidades.

2. A Contribuição de Schumpeter e a “Destruição Criativa”

Joseph Schumpeter, economista austríaco, expandiu a noção de empreendedorismo em 1978 ao associá-lo à inovação. Segundo ele, a essência do empreendedorismo está na identificação e no aproveitamento de novas oportunidades, com a capacidade de reestruturar o uso dos recursos de uma economia em prol de novas combinações. Schumpeter descreveu o empreendedor como o agente responsável pela “destruição criativa”, um processo pelo qual novos produtos, métodos e mercados substituem os antigos. Esse conceito destaca o impacto disruptivo do empreendedorismo, impulsionando o desenvolvimento econômico por meio de inovações que transformam o mercado e criam valor a partir da mudança.

3. O Conceito de Risco em Empreendedorismo

Além da inovação, o risco é uma característica intrínseca ao empreendedorismo. O conceito foi formalizado por K. Knight (1967) e Peter Drucker (1970), que o associaram ao processo de tomada de decisão em condições de incerteza. O risco no empreendedorismo vai além da perda financeira, incluindo a responsabilidade por decisões que podem afetar a continuidade e o crescimento da empresa. Drucker, em especial, enfatizou que o risco calculado é uma parte essencial do ato de empreender, e os empreendedores devem ser capazes de tomar decisões mesmo em cenários imprevisíveis.

4. Intra-empreendedorismo e a Expansão do Conceito

Em 1985, Pinchot introduziu o conceito de “intra-empreendedorismo”, que descreve a figura do empreendedor interno, ou seja, aquele que atua de forma inovadora dentro da organização em que está inserido. Essa ideia expandiu o escopo do empreendedorismo para além da criação de novos negócios, incluindo o desenvolvimento de iniciativas empreendedoras em ambientes corporativos estabelecidos. O intra-empreendedor é visto como um agente de mudança dentro da empresa, trazendo inovação e ajudando a organização a se adaptar às transformações do mercado.

5. O Perfil do Empreendedor

O perfil do empreendedor reúne diversas características que podem ser inatas ou desenvolvidas ao longo do tempo. Embora o debate sobre o empreendedorismo como herança genética persista, o consenso atual é que o empreendedorismo pode ser aprendido e cultivado. Estudos mostram que muitos empreendedores demonstram habilidades empreendedoras desde cedo, como liderança, competitividade e aptidão para pequenos negócios. No entanto, essas características podem ser aprimoradas por meio da experiência e do desenvolvimento de habilidades específicas.

Observando empreendedores de sucesso, identificam-se características comuns, tais como:

  • Identificação e Exploração de Oportunidades: Os empreendedores são exímios em reconhecer e capitalizar oportunidades que passam despercebidas para a maioria. Essa habilidade os torna peritos em antecipar demandas e oferecer soluções inovadoras.

  • Criatividade e Inovação: A criação de novos produtos, serviços ou processos é uma marca do empreendedorismo. Empreendedores são capazes de pensar “fora da caixa” e visualizar soluções que fogem do convencional.

  • Tolerância ao Risco: O medo do fracasso impede muitas pessoas de explorar novas ideias e adotar abordagens diferentes. O empreendedor, por outro lado, é capaz de avaliar o risco de maneira calculada e seguir adiante com coragem.

6. Conclusão

O empreendedorismo evoluiu significativamente desde suas primeiras definições, passando de uma visão centrada em investimento e risco para uma abordagem mais ampla, incluindo inovação, intra-empreendedorismo e um perfil de liderança que inspira mudança e transformação. Empreender não é uma qualidade inata, mas uma competência que pode ser desenvolvida. A capacidade de enxergar além do presente e de transformar desafios em oportunidades é a essência do empreendedorismo moderno, que continua a moldar o mundo dos negócios e a impulsionar o progresso econômico.

Referências:

  • Cantillon, R. (1755). Essai sur la nature du commerce en général.
  • Say, J.-B. (1800). Traité d’économie politique.
  • Schumpeter, J. A. (1978). Capitalismo, socialismo e democracia.
  • Cavaleiro, K. (1967). Risco, incerteza e lucro.
  • Drucker, P. (1970). Inovação e Empreendedorismo.
  • Pinchot, G. (1985). Intraempreendedor: por que você não precisa sair da corporação para se tornar um empreendedor.

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